Você já parou para se perguntar se, realmente, é possível fazermos algo puramente bom?
Inicio com esta pergunta porque precisamos pensar o que consideramos bom e ruim, ou ainda, o que compreendemos por pecado. Em um mundo sem referências sobre padrões éticos (e também estéticos, no campo daquilo que é reflexo da ética na sociedade) não existe mais a concepção sobre o que é certo e errado, ou ainda sem uma referência que permita diferenciar o caminho a ser trilhado.
Neste nosso mundo atual, a perda de valores faz com que seja possível crer que podemos simplesmente fazer o "bem" por nós mesmos. Mas esta crença é vazia e faz de nós seres alienados diante da nossa realidade. Nós vivemos em um mundo que sofre pelas consequências da queda. Em outras palavras, tudo o que somos e fazemos é influenciado pela nossa essência de pecado. Aliás, até o que é pecado, atualmente, é reflexo desta perda de valores. O medo da Idade Média era ir para o inferno, por isto as indulgências foram um grande ato de marketing que arrecadou muito dinheiro para a igreja romana. Este mesmo medo está presente nos discursos do que é ou não pecado. Sem a perspectiva da fé o pecado é algo imposto pelos outros às nossas ações. Isto não é fato! E é reflexo desta falta de valores na sociedade.
Quando compreendemos que a Bíblia é e contém a Palavra de Deus ela passa a ser norma de fé. Sendo assim, nós, os cristãos, temos neste livro o critério para exercer a nossa fé diariamente. Mas este mesmo livro mostra que em um ponto todos os seres humanos estão em igualdade: somos pecadores e precisamos da misericórdia de Deus. Somos todos influenciados pela queda de Adão e Eva. Sem este critério aí toda a lista do que é ou não pecado parece algo imposto, e não inato.
Se aqueles que defendem o Evangelho e sua mensagem transmitissem este recado ao mundo, tenho absoluta certeza que muitos dos embates atuais seriam encerrados na primeira frase.
Não creio que eu adquiro o pecado ao longo da vida, mas sim que já nasci com ele e que isto traz consequências para a minha existência, para toda a sociedade e também para toda a cultura onde estou inserido.
Se olho o pecado como uma representação do mal imposto então não compreendi, verdadeiramente, qual é a essência de todo o ser humano. Olhando como algo imposto qualquer comparação do que é ou não pecado é realmente um comparação de crimes hediondos com aquilo que aparenta não ser crime. E nossa visão do que é crime também foi afetada pela queda.
Tudo o que fazemos, ainda que pareça ser bom, é influenciado pela nossa essência. Por outro lado, a fé revelada a partir da Bíblia mostra que é possível buscar uma vida diferente, não a partir de nós mesmos, mas a partir da transformação que Deus faz em nosso ser. Não deixamos de ser pecadores, mas por graça Deus enviou seu Filho para que o preço do pecado pudesse ser pago e para que isto trouxesse uma nova influência para a sociedade.
Na minha opinião, se Deus não tivesse enviado Jesus Cristo para nos salvar sequer teríamos a possibilidade de pensar que podemos fazer algo bom, ainda que ninguém acredite nisto.