sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Por que você faz o que faz?

Por que você faz o que faz?

Uma pergunta um tanto quanto capciosa, mas que revela nossas mais íntimas emoções e intenções. Sim, por detrás de cada decisão que tomamos (onde vamos trabalhar, morar, com quem vamos nos relacionar, dizer sim ou não, etc) está o nosso mais profundo desejo de corresponder às nossas reais e profundas intenções.
Penso que este é o grande calcanhar de Aquiles da humanidade: deixar de compreender e aceitar as consequências das nossas escolhas, deixando a culpa para outras pessoas, ou mesmo sistemas corporativos e econômicos. Já reparou como nos falta a capacidade de dizer “eu sou culpado!”? Ou ainda de assumir que no mais íntimo do nosso ser, até mesmo na religiosidade, estamos lidando com nossas emoções e intenções. Permita-me dar um exemplo do que estou afirmando: se alguém diz que ajuda outra pessoa porque sente-se bem ao fazer isto qual é real intenção, e quando digo real quero dizer aquela narcisista sensação de que tenho de pensar em mim? Por mais altruísta que tal atitude pareça a real intenção não é ajudar, mas sim sentir-se bem.
Fazemos o que fazemos pensando em nosso umbigo, pensando em como podemos fugir ou encarar os nossos problemas. Assumimos responsabilidades porque compreendemos que, em algum momento, podemos colocar a culpa em alguém, e assim dormir tranquilamente o sono dos “justos”. Ah, sim, queremos ser justos, mas apenas com nós mesmos. Queremos cultuar o nosso próprio ser e chamá-lo de deus, uma alcunha que se torna existencial e fundamental para os nossos dias. Se eu sou meu deus, logo não busco um interesse natural em ter uma adoração por uma divindade, aliás, assim é possível afirmar que Nietzsche estava certo ao afirmar que “Deus está morto, pois os homens o mataram em seus corações”. Posso até dar a desculpa de que faço boas obras ou pratico atos de “santidade” como uma finalidade religiosa. Mas volto, novamente, para a pergunta em questão: “Por que você faz o que faz?”. Se você busca um culto religioso por medo do inferno então o interesse não é adoração, mas sim agarrar-se a um bote salva-vidas para salvar-se a si próprio. Se você busca seguir regras para santificar-se querendo alcançar uma forma de paraíso então você quer subir degraus que levam você a um lugar de proteção, um lugar onde você se protege. Consegue perceber como a linha da salvação do ser humano passa em compreender “por que você faz o que faz?”
Na caminhada de fé temos de nos deparar com várias decisões e formas religiosas de seguir a vida. Isto é natural! Faz parte da nossa caminhada ter de decidir, de escolher, mas também de ter as consequências das nossas escolhas. Se plantamos vento, como diz o dito popular, então não colheremos nada além do resultado do vento: ventanias, tempestades e assim por diante.
Por que você, realmente, acorda pela manhã? O que te faz tomar um impulso para gerar atitudes, para planejar, para caminhar? Por que você faz o que faz?
Minha ideia com este texto não é te dizer que não há esperança (eu seria um louco se assumisse tal postura!), também não é te dizer que você não é importante, mas é propor uma autoanálise: será que as decisões que você toma são para desenvolver formas de relacionar-se desinteressadamente com outras pessoas ou para satisfazer o seu ego? Será que o teu relacionamento com Deus é apenas para fugir do medo e das penas da Lei ou é para aceitar o caminho da Graça (e que isto não vem da humanidade, mas sim do próprio Deus!)?

sábado, 24 de junho de 2017

Servir ou dar desculpas?

Em todo o mercado empresarial, nos coachings e treinamentos, a proatividade tem sido ensinada e propagada como algo essencial para o crescimento individual e profissional. Quando penso, e vejo, que este tipo de pensamento também tem entrado em algumas igrejas tenho de imaginar qual o propósito disto num contexto cristão.
Se leio o texto de Mc 10.45 vejo o quão importante é servir e não dar desculpas. Quando Jesus diz aos seus discípulos que Ele não veio para ser um Rei da maneira conhecida ele colocou uma nova forma de liderar: a pré-disposição em servir antes de ser servido.
Autores que falam de liderança utilizam o exemplo de Jesus como exemplo do líder que se importa com seus liderados, que ensina a partir do exemplo e do amor. Este é o líder que encoraja e que disciplina. É o líder que dá a vida pelos seus liderados. 
O engraçado é que isto está saindo do meio religioso e indo até o meio empresarial e as técnicas empresariais estão tomando o rumo contrário. Há igrejas com muita técnica e muito empreendedorismo e pouco Evangelho. A grande notícia que Jesus dá para os seus discípulos é que Ele é o único capaz de salvar a humanidade. Este é o principal "serviço" que Deus fez por nós. E isto ainda continua acessível ao nosso tempo! Nenhuma técnica pode nos afastar do amor de Deus.
Não sou contra técnicas ou tecnologias, sou contra a substituição da Bíblia por qualquer recurso, mesmo que seja algo da tradição religiosa. 
Penso que a grande "sacada" das igrejas relevantes é trazer o Evangelho, a boa e a má notícia, para dentro da cultura local. Isto também é servir!
Ainda hoje compartilhei um vídeo no Facebook e escrevi sobre isto.
Mesmo com tanta informação e técnica acabamos pulando o básico.
Para servir a Deus não preciso de desculpas, preciso de atitudes! Preciso ser um imitador de Cristo, assim como Paulo o sugeriu. Se Cristo ensinou a servir antes de ser servido, também eu devo tomar tal postura e atitude.
Se Cristo amou primeiro, antes de ser amado, também eu devo assumir esta postura. Se Cristo perdoou antes de ouvir o arrependimento, também eu devo fazê-lo.
Mas quanto mais nos afastamos do Senhor, mais aprendemos a dar desculpas e menos estamos dispostos a servir.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

A humanidade ainda pode fazer algo bom?

Você já parou para se perguntar se, realmente, é possível fazermos algo puramente bom?
Inicio com esta pergunta porque precisamos pensar o que consideramos bom e ruim, ou ainda, o que compreendemos por pecado. Em um mundo sem referências sobre padrões éticos (e também estéticos, no campo daquilo que é reflexo da ética na sociedade) não existe mais a concepção sobre o que é certo e errado, ou ainda sem uma referência que permita diferenciar o caminho a ser trilhado.
Neste nosso mundo atual, a perda de valores faz com que seja possível crer que podemos simplesmente fazer o "bem" por nós mesmos. Mas esta crença é vazia e faz de nós seres alienados diante da nossa realidade. Nós vivemos em um mundo que sofre pelas consequências da queda. Em outras palavras, tudo o que somos e fazemos é influenciado pela nossa essência de pecado. Aliás, até o que é pecado, atualmente, é reflexo desta perda de valores. O medo da Idade Média era ir para o inferno, por isto as indulgências foram um grande ato de marketing que arrecadou muito dinheiro para a igreja romana. Este mesmo medo está presente nos discursos do que é ou não pecado. Sem a perspectiva da fé o pecado é algo imposto pelos outros às nossas ações. Isto não é fato! E é reflexo desta falta de valores na sociedade.
Quando compreendemos que a Bíblia é e contém a Palavra de Deus ela passa a ser norma de fé. Sendo assim, nós, os cristãos, temos neste livro o critério para exercer a nossa fé diariamente. Mas este mesmo livro mostra que em um ponto todos os seres humanos estão em igualdade: somos pecadores e precisamos da misericórdia de Deus. Somos todos influenciados pela queda de Adão e Eva. Sem este critério aí toda a lista do que é ou não pecado parece algo imposto, e não inato.
Se aqueles que defendem o Evangelho e sua mensagem transmitissem este recado ao mundo, tenho absoluta certeza que muitos dos embates atuais seriam encerrados na primeira frase.
Não creio que eu adquiro o pecado ao longo da vida, mas sim que já nasci com ele e que isto traz consequências para a minha existência, para toda a sociedade e também para toda a cultura onde estou inserido.
Se olho o pecado como uma representação do mal imposto então não compreendi, verdadeiramente, qual é a essência de todo o ser humano. Olhando como algo imposto qualquer comparação do que é ou não pecado é realmente um comparação  de crimes hediondos com aquilo que aparenta não ser crime. E nossa visão do que é crime também foi afetada pela queda.
Tudo o que fazemos, ainda que pareça ser bom, é influenciado pela nossa essência. Por outro lado, a fé revelada a partir da Bíblia mostra que é possível buscar uma vida diferente, não a partir de nós mesmos, mas a partir da transformação que Deus faz em nosso ser. Não deixamos de ser pecadores, mas por graça Deus enviou seu Filho para que o preço do pecado pudesse ser pago e para que isto trouxesse uma nova influência para a sociedade.
Na minha opinião, se Deus não tivesse enviado Jesus Cristo para nos salvar sequer teríamos a possibilidade de pensar que podemos fazer algo bom, ainda que ninguém acredite nisto.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Sem escrúpulos!

Quando imaginamos que não há limites para a maldade e a corrupção humana somos surpreendidos por notícias cada vez mais assustadoras. 
Esta semana o assunto no YouTube é pedofilia, citando inclusive um vídeo onde uma pessoa ensina como "tirar a virgindade" da própria filha. Não consegui sequer abrir o vídeo e assistir tamanha estapafúrdia. Somos a cada dia mais bombardeados com estas e outras atrocidades. 
A internet sempre foi algo que precisa ser utilizado com 'filtros', separando aquilo que é bom para ser visualizado daquilo que mostra o lado mais obscuro da humanidade. Porém o lado obscuro da internet está mais em alta e os efeitos disto são avassaladores. Já é muito mais fácil expor os vícios, os escárnios, a carnificina humana e a total falta de escrúpulos.
A humanidade, pelo menos na internet, está destruída! E minha maior preocupação diante deste fato é a enorme presença de crianças e adolescentes que são bombardeados com estas informações. Isto não lhes abrirá o conhecimento, ou suas mentes, pelo contrário, será para eles uma grande forma de destruir qualquer distinção entre o que é saudável e o que não é. Esta nova geração sofrerá as consequências de uma vida adulta sem discernimento e afetará toda a educação, a política e a própria forma de viver.
Quando um pai (se é possível chamá-lo assim) ensina este tipo de atrocidade é, realmente, o mais degradante que se pode esperar de uma sociedade. Esta pessoa não é a única que emite tais posturas. Por não estar sozinho é ainda mais preocupante. Existem redes, não mais escondidas, que este tipo de postura é difundida para qualquer um que acessa a internet.
Além da preocupação quanto a esta influência macabra também existe uma enorme preocupação com as vítimas desta e de outras atrocidades. O que será das pessoas que sofrem estes abusos? Não é a toa que psicólogos estão em uma época de muita atuação. Quem sofre abusos precisa reaprender a viver e a superar os traumas causados pelo agressor, além de buscar uma resignificação para a humanidade.
Diante de tanta decadência ainda precisamos refletir cuidadosamente sobre o que lemos e assistimos. Se os adultos precisam refletir cuidadosamente sobre o que assistem, ainda mais as novas gerações precisam ser cuidadas e monitoradas para não sofrer ainda mais danos por esta falta de limites. 
Não tenha vergonha de pedir ajuda. Sinta vergonha por não discernir os conteúdos que você e sua família assistem.
E se, por acaso, lhe aparecer algum material explícito e que deturpa ainda mais a humanidade: denuncie! Não podemos nos calar e deixar que estes péssimos exemplos continuem seus abusos físicos, morais e intelectuais!

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Coligações

Diante de tanta coisa acontecendo em nosso momento político atual o que mais me impressiona é a quantidade de "novas" coligações prometendo um novo jeito de fazer política. De novo não há nada! Até a disputa 'coxinhas' versus 'pão com mortadela' resultou em coxinhas recheadas de mortadela. Nas coligações vale tudo em prol de cargos e promessas de campanha. É capaz de ainda sair alguma foto de velhos rivais abraçados como se fossem, desde outrora, velhos aliados políticos.
Isto me faz ter saudade da época em que estudávamos as ligações de carbono no ensino médio. Tudo era simples, objetivo e funcional. O resultado era baseado na regra do octeto e não poderia ser modificado naturalmente.
Se bem que ao analisar o nosso passado me peguei também lembrando das gincanas, onde fazíamos as 'coligações' para que, no caso de vitória, todos ganhassem a sua parte. Acho que temos sido criados com essa mentalidade há tanto tempo que se nunca refletirmos vamos, sempre e novamente, repetir os mesmos erros que tanto criticamos.
Porque ainda é tão difícil quebrar certos vícios históricos e culturais que só aumentam a decadência humana?
Teologicamente sabemos esta resposta: a queda. Mas por ainda pensarmos que estamos imunes aos erros do passado cremos que somos como pequenos deuses, dotados de poder para mudar os outros e não nós mesmos.
De fato, somos permeados pelas consequências históricas e esta reação em cadeia não pode ser quebrada sem que aconteça uma transformação externa.
Para que nosso país aprenda uma nova política é preciso que cada brasileiro aprenda a compreender as consequências históricas e que a mudança deve acontecer primeiro nos indivíduos para então tomar grandes proporções no coletivo. Assim que mudanças culturais aconteceram e ainda acontecem, mesmo que as ignoremos.
Eu compreendo, em parte, o significado das consequências que a queda gerou em toda a humanidade. Ainda assim, também conheço a oportunidade de esperança que pode, realmente, transformar estes ciclos viciosos na vida humana. À esta esperança a humanidade presenteou com uma cruz...

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Ponto de vista: evangélicos

Ao observar o "mundo" evangélico atual me pergunto se, realmente, eles sabem o que significa Evangelho em meio à tantas opções dentro do 'mercado religioso'.

Infelizmente ser evangélico é mais uma postura político-partidária, a fim de ganhar mais votos, do que ser um agente transformador diante de toda uma situação caótica. Não quero aqui generalizar, até porque existem pessoas que fazem a diferença independente de nível teológico, mas essa onda 'evangeliquês' tem servido de escárnio e de piada para a mídia em geral. Aqueles que deveriam tomar uma postura diferenciada acabaram se esquecendo do alerta do apóstolo Paulo ao dizer aos romanos que não se amoldem aos padrões deste mundo. Ser evangélico, na atualidade, é representar interesses financeiros diante de uma falsa prosperidade. É buscar o próprio benefício em detrimento dos outros seres humanos, e de toda a criação, que estão nas proximidades.
Infelizmente esta observação não é animadora.
Aquele que segue o Evangelho de Jesus Cristo não deveria ser engolido por esquemas de corrupção e que envergonha às Escrituras Sagradas.
Não utilizo mais o termo evangélico ao definir pessoas que vivem conforme a Palavra de Deus, revelada na Bíblia.
A cristandade precisa voltar-se a Deus e deixar que Ele continue revelando sua vontade.
Enquanto não caminhamos nesta direção seremos apenas pessoas vistas como ignorantes, de pouco conhecimento científico e que vivem presos à gaiolas doutrinárias.
Que diminua-se o mundo 'evangélico' e que cresça a vontade de Deus, soberana, para nosso tempo, cultura e nação.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Opinião: Deus não está morto 2

Ontem assisti ao filme "Deus não está morto 2" e confesso que fiquei muito surpreso, positivamente falando, a respeito do enredo desta obra cinematográfica. Confesso que esperava algo mais simples e o que vi foi uma profunda valorização da fé racional, desmistificando a ideia de que cristãos seguem a Jesus Cristo apenas por sentimentalismo ou emoções. Até pensei que a defesa da professora seria baseada na declaração de independência dos EUA, como um proselitismo americano, antes me vi surpreendido pelo uso de fontes e argumentos extrabíblicos e de como este debate é de extrema relevância para nossa sociedade.
A continuidade em relação ao primeiro filme está na perseguição à fé cristã, porém o âmbito da discussão vai para toda a sociedade. Afinal, Igreja e Estado podem ser separados? Esta é uma das questões centrais da discussão. No primeiro o debate é existencialista, onde um aluno defende sua fé diante de um professor ateu dentro da sala de aula. É um roteiro 'gospel' comum, com a experiência de conversão marcando todo o filme e o diálogo existencialista dos personagens cheio de drama e questionamentos sobre Deus e sua vontade (ou permissividade).
Já neste segundo filme, embora ainda exista uma tônica existencialista, o enredo chama para além da experiência da conversão e do despertar da fé e traz a importância da apologética. Defender a fé cristã em um contexto onde Cristo é odiado. Onde pode-se falar dos ensinamentos dEle na vida de pessoas históricas, mas onde é proibido citá-lo como referência, tampouco as Escrituras Sagradas. Além disto vai o questionamento de até onde é possível ao Estado interferir na fé e até onde o mesma está tomado por padrões cristãos de ética e de justiça.
A defesa da fé cristã é apresentada, ao meu ver, não mais como simples fruto de emoção. Há uma clara defesa intelectual, reafirmando que não é só possível crer em Cristo como também provar que Ele existe.
Vi um grande amadurecimento teológico em relação ao primeiro filme. A temática é digna de ser levada aos nossos círculos sociais e também ao púlpito. Nos dias em que vivemos, onde somos sutilmente perseguidos, nos deixamos levar por emoção ou mesmo por padrões anticristãos e nossa fé é anestesiada, tornamo-nos verdadeiros ateístas práticos.
A personagem principal, Grace, é levada à viver, provar e sustentar sua fé com profunda convicção, algo que precisamos retomar com veemência e, ao final, recebe a sentença a seu favor. Neste ponto, o final já não é surpreendente. Todos gostam de assistir a um final feliz, certo? Até aí tudo bem. Porém este não é o final do filme. Ainda há uma cena que, em meu ponto de vista, é para todos os que defendem publicamente sua fé no Deus vivo e que reflete a realidade da igreja perseguida ao redor do nosso mundo.
Quando paramos de defender nossa fé mostramos ao mundo que a afirmação de Nietzche está correta. Ou melhor, quando deixamos de viver a fé que Deus nos dá, de fato, permitimos que o mundo nos diga em que crer e perdemos a oportunidade de viver como testemunhas do amor de Deus ao mundo em nosso contexto.

Não vou atribuir nota, mas recomendo que você assista a este filme e que, se possível, oportunize o debate a respeito em pequenos grupos. E desejo que, a cada dia mais, possamos reafirmar: "Deus não está morto, certamente está vivo!".